Descrição enviada pela equipe de projeto. Os conceitos explorados na obra FOCUS surgem do cruzamento da análise efetuada sobre o território alocado para a sua implantação com os desafios contidos no programa de arquitetura da presente edição da Bienal de Arte Contemporânea da Maia. Neste processo tornou-se clara desde cedo a intenção de destacar através da cor a presença da peça no denso contexto urbano em questão, fazendo-a contrastar com a paisagem circundante caracterizada por tons neutros.
Por outro lado procurou-se articular a sua implantação no terreno com as geometrias pré-existentes, ancorando-a num alinhamento que permitisse tirar partido da topografia acidentada do local, contribuindo dessa forma para reforçar o efeito de tensão relativamente às linhas de força presentes.
Simultaneamente havia também o objectivo de que o dispositivo aludisse ao cariz industrial das atividades produtivas do concelho, tendo-se elegido para tal matérias construtivas que não só fossem de encontro a essa vontade como potenciassem também a sua durabilidade e resistência à intempérie.
Assim, FOCUS assume-se como gesto disruptivo: inserindo um intenso rasgo vermelho num cenário praticamente monocromático; subvertendo a função de um componente industrial standard, a conduta de AVAC, transfigurando-a funcional e esteticamente; baralhando as coordenadas do observador quando confrontado com a obra.
Trata-se de um objeto que efetivamente expande a experiência da sua apropriação para lá das suas dimensões e área de implantação concretas, estabelecendo relações visuais inusitadas com o seu entorno próximo e distante e extravasando os limites da sua forma física através de um conjunto de jogos de espelhos estrategicamente implantados no seu interior, capazes de conduzir e enquadrar de modos inesperados o olhar do observador perante a realidade envolvente. Neste sentido, a abordagem ao repto curatorial associado ao tema da exploração ilimitada da forma efetua-se de uma forma subtil, funcionando a peça como uma espécie de ferramenta em stand by carecendo da interação e exploração comprometidas por parte do(s) observador(es) para tornar completas a sua assimilação e compreensão.
É portanto nestas relações de forma/fundo (contexto), experiência/apropriação (fruição) que FOCUS pretende estabelecer o diálogo entre arte, arquitetura e cidade, convocando o lúdico como instrumento de envolvimento dos seus utilizadores numa perspectiva inclusiva dos mesmos enquanto agentes indispensáveis ao processo artístico promovido.